A posição que ele estava denunciava seu corpo
definido, o que quase me fez esquecer que a revista que ele segurava era do The Kooks, banda que estava no topo da lista das
minhas favoritas. Parecia exatamente o tipo de garoto misterioso que
atrai uma manada de garotas. Fiquei pensando como seria o seu rosto.
Quando ele fez um movimento para levantar da cama fechei a
cortina rapidamente. Qual é a dessa cidade? Paraíso dos garotos? Comecei a
acreditar que passar o verão aqui seria tão ruim assim.
Só lembrei o que
tinha que fazer quando tropecei nos meus sapatos espalhados no chão.
ϟ
A claridade através
da cortina fininha me acordou. Quando desci para tomar café tio Dan estava de
saída.
- Bom dia, dorminhoca!
- Bom dia despertador de galinhas!- Devolvi.
- Vou para o café mais cedo hoje, tenho umas coisas a
resolver. Tem café quentinho na cafeteira se quiser.
-Não se preocupe comigo Dan – peguei uma maçã e meu livro e saí
para o quintal.
Uma brisa fresca bateu
no meu rosto, pensei em pegar meu casaco, mas paralisei quando olhei para o
lado. O vizinho misterioso estava lavando sua Harley Davidson no quintal dele,
desta vez com camisa e sem revista no rosto.
Não que eu tenha
desenhado o rosto dele na minha cabeça na noite anterior, mas se eu o tivesse
feito, teria chegado muito perto de como era.
Os traços triangulares combinavam perfeitamente com o resto do corpo,
molhado com os respingos. O cabelo bagunçado e a agilidade dele me mantiveram
hipnotizada até ele sair para encher o balde novamente.
Deitei na rede para devorar o livro que tinha comprado em
Manhattan e estava na lista dos Best-sellers do New York Times.
Do nada uma figura molhada aparece a poucos metros de mim me
fazendo derrubar o livro de susto.
- Ei, desculpa atrapalhar. Por acaso seu tio pode me
emprestar uma mangueira? – ele falou passando a mão nos cabelos bagunçados e
tentando esconder o embaraço da situação.
- Como sabe que ele é meu tio? – como consegui não gaguejar
diante do daquele sotaque?
- Anm, vi vocês chegando ontem à tarde e sabe como é, cidade
pequena – ele riu.
- É, ainda estou me acostumando. Sou Lavynia, ou melhor,
Lavy – tentei parecer despreocupada.
- Sou Luke. Ah e se não souber onde está não tem problema.
“O que” está? Eu esqueci porque ele estava
ali. Os malditos olhos azuis dele levam toda a culpa.
- Ah sim, só um
minuto – encontrei uma mangueira nos fundos e dei a ele.
- Obrigado, desculpa incomodar- balancei a cabeça em negação
e ele voltou a lavagem.
Continuei observando-o com a desculpa de estar
lendo meu, antes interessante, livro.
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