Sabe quando a gente aprende a dirigir e demora a se
acostumar com o espelho retrovisor? Bem, quando me adaptei a ele acabei me
apegando mais do que deveria. E esse é mais ou menos o meu problema. Olhar muito para trás. Para o tempo que
se foi e levou os dias que dinheiro nenhum faz voltar. Os dias dos amores do
passado.
Sempre fui
tachada de “aquela menina do grupo que não se apaixona”. Dá pra provar que isso
não é bem uma verdade quando olho para minha mão esquerda e uma aliança de ouro
está aterrissada ali. É incrível como as coisas não pedem permissão para nossos
planos pra acontecerem.
Mas isso
tudo não é a respeito da pessoa – incrível - que me convenceu a entrar nessa rua
sem saída. Na verdade, é sobre aqueles que ficaram no espelho retrovisor. E
que uma vez quase me fizeram permanecer naquele ponto de ônibus. Apesar de eu
sempre pegar o ônibus para o caminho contrario deles, as lembranças sempre me
fazem sorrir e, bem, pensar.
A maioria
das garotas já teve um rolo com o garoto problema que é desaprovado pelas
amigas e enrosca nos pensamentos por muitas noites. Infelizmente estou
incluída. Não que eu me arrependa de cada detalhe. A intensidade da troca de
olhares e as conversas despreocupadas nas noites de sexta fez alguma coisa
valer a pena.
Outro tinha o combo cabeludo, craque nos cálculos, misterioso e fones de ouvido como
parte do corpo. Juro que não sei o que seria de mim – ou do meu futuro- se não
fosse a ajuda dele com as exatas. Nunca me esqueci do jeito tímido como falava e
como ele ficava bonito concentrado.
Outro era dançarino, mais precisamente de
dança de rua. Daqueles que hipnotizam a plateia e claro, todas as menininhas
loucas por caras mais velhos. No pouco tempo que estivemos juntos ele me fez
sentir como se eu fosse única, sem nem ao menos saber meu sobrenome, como raras
vezes me senti em toda a minha vida colegial – aquela dos caras babacas que não
merecem ser lembrados.
Apesar de tudo não passar de um “quase”, cada
um deles deixou alguma coisa pra mim. Uma lembrança intensa, um pensamento
feliz ou um sentimento que me levava a outros mundos.
Cada
pedacinho dos relacionamentos que ficaram comigo foram construindo o todo. E
isso é a maior parte do que sou hoje. Fim.
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