terça-feira, 21 de julho de 2015

O meu amor e o amor de "fast food"


Untitled


Nesse mundo do “usa e joga fora”, numa noite agradável de verão, no meio de uma música aleatória do Red Chilli Peppers, eu o encontrei.
Noite festiva, formatura de segundo grau dele pra ser exata. Com direito a fogos de artificio, beijos tímidos e demoradas troca de olhares. Ele mal notou no meu vestido simples e minha maquiagem feita às pressas, mas se demorou nas minhas sardas e no meu sorriso fácil.
A sua pintinha no canto da boca, seu cabelo bagunçado e sua notável timidez me mantiveram numa hipnose indescritível até o final. E tudo o que eu pensava era o que aconteceria depois que as luzes acenderiam e o dia amanhecesse. Maldita ansiedade.
 Dizem que amor a gente não acha nas festas, mas Deus! Se isso for mesmo verdade, é incrível como sou sortuda. Depois de tantos pós festas jogada no chão do banheiro, com a maquiagem borrada e o coração em pedaços, essa vez foi, no mínimo, incrivelmente diferente.
Um sms de “bom dia” e BOOM: não consegui conter a sensação de ter a felicidade entrando pela porta da frente.
É uma pena que isso tudo se torna a cada dia que passa mais e mais raro nesses tempos de “tinder”.
Vivemos numa época onde os encontros em festa são tipo “fast food” rápido, prejudicial e descartável. Tinder vai, tinder vem. Um, dois, quatro, onze. Cem, trezentos, quinhentos likes. Como se o amor fosse uma espécie de perda de tempo e os likes em conjunto com os encontros “fast food” uma espécie de preenchimento do vazio satisfatória.
Só quem já passou pela experiência de uma tarde de domingo cheia de amor sabe que essa coisa toda de amor fast food é uma bobagem e a verdadeira “perda de tempo”. Espero o dia em que todos fiquem sabendo disso também.

PS: sua pintinha ainda me mantem hipnotizada toda vez que olho pra ela. 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sobre a distância.

    

   Então é isso, chegou a hora daquela coisa chamada faculdade. Ou aquele período da vida onde a gente tem que deixar tudo para trás. Por sabe-se lá quanto tempo. É a parte onde o futuro fala mais alto do que a gente, digo eu e você. Juntos.
    O engraçado é que isso não estava na nossa lista, você sabe, eu ir morar à beira do mar e você ir morar na divisa com o outro país, do outro lado do estado. A gente queria mesmo é viajar sim, mas com as mãos dadas. Nem precisaríamos de travesseiro durante a viagem, eu dormiria no seu ombro e você se apoiaria em minha cabeça. Escutaríamos música no mesmo fone de ouvidos até você fazer uma careta e reclamar do meu gosto musical.
    Nos nossos planos não íamos precisar passar horas falando sobre qualquer coisa no telefone só pra lembrarmos como é bom escutar a voz um do outro. Ou nos preocuparmos um com o outro quando quisermos sair pra beber e esquecer o quanto a falta de estarmos juntos machuca, mais do que esfolar os joelhos.
   Mas isso está longe de ser uma despedida. Eu não conseguiria. Digo deixar você ir. Não completamente. A distância é somente um único obstáculo e estar longe de você para sempre, nosso término, significaria uma maratona de obstáculos que eu nunca conseguiria vencer. Porque estar perto de você é o que me faz sentir como se eu pudesse vencer todos eles.    
   E aí entra aquela pequena palavra que faz toda a diferença no quesito felicidade de um casal: paciência. No fim do dia, todo mundo sabe que o amor, entre todas as coisas, sempre vai estar lá escondido atrás de uma boa dose de paciência. E assim vai ser. Até o fim. 

terça-feira, 13 de maio de 2014

O discurso de formatura de Gwen Stacy do filme Espetacular Homem Aranha 2

     Gwen Stacy


     
   "Eu sei que todos pensam que somos imortais. Era pra ser assim. Estamos nos formando. Mas como nossos 4 anos de colegial, o que torna a vida valiosa é não durar pra sempre. O que a torna preciosa é que ela termina. Sei disso agora mais que nunca. Hoje é especial para nos lembrar que tempo é sorte. Então não desperdice tempo vivendo a vida de outro. Faça a sua valer alguma coisa. Lute pelo o que se importa. Seja o que for. Porque mesmo que tenhamos dúvidas, não tem jeito melhor de viver."

     "É fácil se sentir esperançoso em um lindo dia como hoje, mas haverá dias sombrios a nossa frente. Dias em que você se sentirá sozinho, e é nesses dias que precisamos de esperança. Não importa o quão ruim fique ou o quão perdido você se sente, me prometa que você terá esperanças. Mantenha-a viva. Temos que ser maiores do que o que sofremos. Meu desejo para você é que se torne a esperança. As pessoas precisam disso. E mesmo se falharmos não há forma melhor de se viver. Como vemos aqui hoje todas as pessoas que nos ajudam a formar quem somos. Eu sei que parece que estamos dizendo adeus, mas carregaremos cada um de vocês em todas as coisas que faremos e para nos lembrarmos de quem somos e de quem deveríamos ser. Passei ótimos anos com vocês, eu vou sentir muito a falta de todos." 

  Poucas coisas me fizeram parar pra pensar tanto quanto essa mini lição de vida que o filme traz. 
PS: não é spoiler, ok?

terça-feira, 6 de maio de 2014

Surpresas de um verão, parte II: vizinho misterioso

     

    A posição que ele estava denunciava seu corpo definido, o que quase me fez esquecer que a revista que ele segurava era do The Kooks, banda que estava no topo da lista das minhas favoritas. Parecia exatamente o tipo de garoto misterioso que atrai uma manada de garotas. Fiquei pensando como seria o seu rosto.
     Quando ele fez um movimento para levantar da cama fechei a cortina rapidamente. Qual é a dessa cidade? Paraíso dos garotos? Comecei a acreditar que passar o verão aqui seria tão ruim assim.
     Só lembrei o que tinha que fazer quando tropecei nos meus sapatos espalhados no chão.

ϟ

       A claridade através da cortina fininha me acordou. Quando desci para tomar café tio Dan estava de saída.
       - Bom dia, dorminhoca!
       - Bom dia despertador de galinhas!- Devolvi.
     - Vou para o café mais cedo hoje, tenho umas coisas a resolver. Tem café quentinho na cafeteira se quiser.
       -Não se preocupe comigo Dan – peguei uma maçã e meu livro e saí para o quintal.
       Uma brisa fresca bateu no meu rosto, pensei em pegar meu casaco, mas paralisei quando olhei para o lado. O vizinho misterioso estava lavando sua Harley Davidson no quintal dele, desta vez com camisa e sem revista no rosto.
      Não que eu tenha desenhado o rosto dele na minha cabeça na noite anterior, mas se eu o tivesse feito, teria chegado muito perto de como era.  Os traços triangulares combinavam perfeitamente com o resto do corpo, molhado com os respingos. O cabelo bagunçado e a agilidade dele me mantiveram hipnotizada até ele sair para encher o balde novamente.
Deitei na rede para devorar o livro que tinha comprado em Manhattan e estava na lista dos Best-sellers do New York Times.
     Do nada uma figura molhada aparece a poucos metros de mim me fazendo derrubar o livro de susto.
     - Ei, desculpa atrapalhar. Por acaso seu tio pode me emprestar uma mangueira? – ele falou passando a mão nos cabelos bagunçados e tentando esconder o embaraço da situação.
      - Como sabe que ele é meu tio? – como consegui não gaguejar diante do daquele sotaque?
      - Anm, vi vocês chegando ontem à tarde e sabe como é, cidade pequena – ele riu.
   - É, ainda estou me acostumando. Sou Lavynia, ou melhor, Lavy – tentei parecer despreocupada.
      - Sou Luke. Ah e se não souber onde está não tem problema.
     “O que” está? Eu esqueci porque ele estava ali. Os malditos olhos azuis dele levam toda a culpa.
      - Ah sim, só um minuto – encontrei uma mangueira nos fundos e dei a ele.
     - Obrigado, desculpa incomodar- balancei a cabeça em negação e ele voltou a lavagem.
      Continuei observando-o com a desculpa de estar lendo meu, antes interessante, livro.

domingo, 27 de abril de 2014

Sobre superficialidade

    

    Flashes. Sorrisos. Caretas. Como é fácil ser feliz nas fotos né? Só dar uma arrumadinha aqui e ali, escolher o melhor ângulo e pronto, nossa vida é perfeita nas redes sociais. Queremos sempre ser bem vistas aos olhos de todos, aí está tudo bem. Mas isso é mesmo suficiente?
    O espelho nos mostra a nossa imagem e não tem jeito, acabamos escravas dela. O problema é que o espelho não é nada mais do que uma simples superfície plana, sem profundidade alguma. Pra que ter caráter quando se tem um corpo bonito, não é? A verdade é que ninguém mais liga pra o que tem além da aparência.
    Isso se comprova nas baladas. É só olhar ao redor pra perceber que a maioria não está se divertindo de verdade, porque pra isso é preciso parar de se preocupar se o cabelo ainda está no lugar, se a maquiagem está borrada ou se as unhas não quebraram.
     As pessoas têm que aprender que o tempo vai passar e a aparência não vai definir quem elas são, porque de uma maneira ou outra tudo muda mais tarde - se é que você me entende.
     Óbvio que não estou dizendo pra pararmos de nos cuidar e não ligarmos pra autoestima. É muito importante nos sentirmos bonitas e seguras sim, mas não deixar a vaidade passar por cima dos valores é essencial.
       E aí, quem você prefere agradar/ver feliz? Você ou “os outros”? 

(Texto escrito em 2011)

Madrugada de surpresas

    


     Balanço o último gole de uísque no copo enquanto a chuva cai lá fora. Casa vazia, pernas inquietas. À esse ponto já devia ter me acostumado com dias como esse. Sabe, não sou do tipo que se acostuma facilmente com ausência. Ainda mais se for certa ausência de algo que nem uísque cura. A sua.
     O rádio relógio me esfrega as 02h30 da manhã na cara. Tomo mais uma dose para acalmar a insônia. Pego as chaves do carro e quando percebo estou estacionando na frente de seu apartamento. Eu já deveria saber, as luzes estavam apagadas. O que significa que deve ter saído com a primeira loira que esbarrou no banheiro da balada.
   Por que a bebida não acaba com a insegurança como acaba com a timidez? Droga. Mais uma noite de sábado querendo controlar o incontrolável: a sua irritante mania de liberdade.
    Desisti de lutar contra o inevitável: você não estava mais sobre meus cuidados. A velha história de um cuidar do outro não importava o que acontecesse já se havia desgastado e ido bueiro abaixo com a chuva. Hora de respirar fundo e acabar com isso.
      Começo a discar o número no meu celular quando reparei que uma luz se acendeu na sala. Então seria pessoalmente, ali e agora. Abro a porta e começo a falar, mas sou interrompida por uma mão que cobre minha boca imediatamente seguida de um shhhh.
    A sala estava lotada de balões de gás vermelhos com nossas fotos e no centro uma fileira de balões brancos escrito C-A-S-A C-O-M-I-G-O-? Então era isso. O motivo do mistério e do sumiço: a surpresa elaborada.
     Deixei todas as inseguranças para trás e o beijei como se nunca o tivesse feito, depois sussurrei sorrindo em seu ouvido um demorado: e eu tenho escolha?

sábado, 26 de abril de 2014

Da série vida real, capítulo único.


Já perdi as contas de quantas vezes bati a porta do nosso quarto tentando aliviar a tensão de nossas brigas. É incrível como casamentos são muito mais bonitos nas fotos do álbum guardado naquele lugar alto do armário. Sabe, de alguma maneira eu sempre soube que quando se resolve juntar os motivos para sorrir, os desentendimentos sempre se escondem na bagagem. Só não esperava que isso acontecesse com a gente.
    Volto naquele primeiro dia da faculdade, onde esbarrei com um calouro da turma das engenharias, com o cabelo bagunçado e aquela cara –sexy- de sério. Naquele momento eu imaginei como seria acordar todas as manhãs e enxergar o seu rosto ao abrir os olhos. Eu queria isso. E de alguma forma incrível minha timidez e as tão odiadas sardas te encantaram do mesmo jeito que sua pintinha no canto da boca fez comigo.
    Casamos, nos mudamos para aquele apartamento no final da rua, tivemos outra versão de nós - um mini cara de sério, de cabelo bagunçado - e algum tempo depois, nossa primeira briga. A partir daí, a rotina vem tentando acabar com a tranquilidade do nosso relacionamento dia após dia.  
    Não estou dizendo que não te amo mais. Na verdade, até acredito que as imperfeições do nosso casamento são o que torna tudo isso real. Não quero uma vida com sorrisos artificiais e falsas declarações de “está tudo bem”. O que eu quero é exatamente isso: a vida real, a realidade com você. 
    Porque o amor perfeito não passa de mais uma ideia concreta que colocaram na nossa cabeça. Para mim, o amor verdadeiro mesmo é a capacidade de reconciliar-se depois de uma briga. E com um beijo roubado de preferência. Ei psiu, ta esperando o quê?