terça-feira, 6 de maio de 2014

Surpresas de um verão, parte II: vizinho misterioso

     

    A posição que ele estava denunciava seu corpo definido, o que quase me fez esquecer que a revista que ele segurava era do The Kooks, banda que estava no topo da lista das minhas favoritas. Parecia exatamente o tipo de garoto misterioso que atrai uma manada de garotas. Fiquei pensando como seria o seu rosto.
     Quando ele fez um movimento para levantar da cama fechei a cortina rapidamente. Qual é a dessa cidade? Paraíso dos garotos? Comecei a acreditar que passar o verão aqui seria tão ruim assim.
     Só lembrei o que tinha que fazer quando tropecei nos meus sapatos espalhados no chão.

ϟ

       A claridade através da cortina fininha me acordou. Quando desci para tomar café tio Dan estava de saída.
       - Bom dia, dorminhoca!
       - Bom dia despertador de galinhas!- Devolvi.
     - Vou para o café mais cedo hoje, tenho umas coisas a resolver. Tem café quentinho na cafeteira se quiser.
       -Não se preocupe comigo Dan – peguei uma maçã e meu livro e saí para o quintal.
       Uma brisa fresca bateu no meu rosto, pensei em pegar meu casaco, mas paralisei quando olhei para o lado. O vizinho misterioso estava lavando sua Harley Davidson no quintal dele, desta vez com camisa e sem revista no rosto.
      Não que eu tenha desenhado o rosto dele na minha cabeça na noite anterior, mas se eu o tivesse feito, teria chegado muito perto de como era.  Os traços triangulares combinavam perfeitamente com o resto do corpo, molhado com os respingos. O cabelo bagunçado e a agilidade dele me mantiveram hipnotizada até ele sair para encher o balde novamente.
Deitei na rede para devorar o livro que tinha comprado em Manhattan e estava na lista dos Best-sellers do New York Times.
     Do nada uma figura molhada aparece a poucos metros de mim me fazendo derrubar o livro de susto.
     - Ei, desculpa atrapalhar. Por acaso seu tio pode me emprestar uma mangueira? – ele falou passando a mão nos cabelos bagunçados e tentando esconder o embaraço da situação.
      - Como sabe que ele é meu tio? – como consegui não gaguejar diante do daquele sotaque?
      - Anm, vi vocês chegando ontem à tarde e sabe como é, cidade pequena – ele riu.
   - É, ainda estou me acostumando. Sou Lavynia, ou melhor, Lavy – tentei parecer despreocupada.
      - Sou Luke. Ah e se não souber onde está não tem problema.
     “O que” está? Eu esqueci porque ele estava ali. Os malditos olhos azuis dele levam toda a culpa.
      - Ah sim, só um minuto – encontrei uma mangueira nos fundos e dei a ele.
     - Obrigado, desculpa incomodar- balancei a cabeça em negação e ele voltou a lavagem.
      Continuei observando-o com a desculpa de estar lendo meu, antes interessante, livro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário