segunda-feira, 21 de abril de 2014

Pelas estradas do amor


     Sabe quando a gente aprende a dirigir e demora a se acostumar com o espelho retrovisor? Bem, quando me adaptei a ele acabei me apegando mais do que deveria. E esse é mais ou menos o meu problema. Olhar muito para trás. Para o tempo que se foi e levou os dias que dinheiro nenhum faz voltar. Os dias dos amores do passado.
     Sempre fui tachada de “aquela menina do grupo que não se apaixona”. Dá pra provar que isso não é bem uma verdade quando olho para minha mão esquerda e uma aliança de ouro está aterrissada ali. É incrível como as coisas não pedem permissão para nossos planos pra acontecerem.
     Mas isso tudo não é a respeito da pessoa – incrível - que me convenceu a entrar nessa rua sem saída. Na verdade, é sobre aqueles que ficaram no espelho retrovisor. E que uma vez quase me fizeram permanecer naquele ponto de ônibus. Apesar de eu sempre pegar o ônibus para o caminho contrario deles, as lembranças sempre me fazem sorrir e, bem, pensar.
     A maioria das garotas já teve um rolo com o garoto problema que é desaprovado pelas amigas e enrosca nos pensamentos por muitas noites. Infelizmente estou incluída. Não que eu me arrependa de cada detalhe. A intensidade da troca de olhares e as conversas despreocupadas nas noites de sexta fez alguma coisa valer a pena.
    Outro tinha o combo cabeludo, craque nos cálculos, misterioso e fones de ouvido como parte do corpo. Juro que não sei o que seria de mim – ou do meu futuro- se não fosse a ajuda dele com as exatas. Nunca me esqueci do jeito tímido como falava e como ele ficava bonito concentrado.
   Outro era dançarino, mais precisamente de dança de rua. Daqueles que hipnotizam a plateia e claro, todas as menininhas loucas por caras mais velhos. No pouco tempo que estivemos juntos ele me fez sentir como se eu fosse única, sem nem ao menos saber meu sobrenome, como raras vezes me senti em toda a minha vida colegial – aquela dos caras babacas que não merecem ser lembrados.
     Apesar de tudo não passar de um “quase”, cada um deles deixou alguma coisa pra mim. Uma lembrança intensa, um pensamento feliz ou um sentimento que me levava a outros mundos.
     Cada pedacinho dos relacionamentos que ficaram comigo foram construindo o todo. E isso é a maior parte do que sou hoje. Fim.

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